Universidade Federal do Ceará
Clube de Libras UFC

A Comunidade Surda do Ceará tem poucas opções de lugares que possam atende-la a contento, no que se refere a uma comunicação efetiva na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). É, então, interessante que se conheça o número de surdos residentes em cada bairro, tanto de Fortaleza como no Ceará como um todo, pois assim será possível sensibilizar os trabalhadores/proprietários de estabelecimentos comerciais e de unidades de pronto atendimento médico a aprenderem a Libras. Podem se sentir mais animados a uma iniciativa assim se conhecerem os integrantes da Comunidade Surda que venham a atender. Também poderão ser estimulados por meio de um marketing mais sensibilizador, quando puderem espalhar no entorno que fornecem um serviço especial à Comunidade Surda, com trabalhadores treinados para melhor servir os surdos.

Esta é uma ideia inovadora. Envolvendo a Coordenação Geral das Casas de Cultura Estrangeira  e a Pró-Reitoria de Extensão da UFC, dos quais ambos setores estão lotadas a Coordenadora do presente projeto e uma consultora, o propósito do projeto é triplo: (1) conhecer o total de surdos que habitam em determinado bairro de Fortaleza e do Ceará; (2) fazer um trabalho de sensibilização, presencial ou virtualmente (via e-mail/Whats App), dos locais que atenderiam estes surdos sobre a importância do aprendizado da Libras; e (3) oferecer a possibilidade de participação em um clube de aprendizado de Libras, que seria oferecido pelo Projeto Clube de Libras UFC, seguindo a Metodologia da Aprendizagem Cooperativa e utilizando-se também dos vídeos do canal do Projeto CLibrasUFC no Youtube.

Ambos setores, Coordenação Geral das Casas de Cultura Estrangeira  e a Pró-Reitoria de Extensão da UFC, têm um compromisso com a inclusão de modo geral e, especificamente, com a difusão do conhecimento da Língua Brasileira de Sinais. Tanto na perspectiva acadêmica como social, a ideia deste Projeto se mostra extremamente relevante, já que é um esforço educativo inclusivo que trará benefícios para os surdos e também para os ouvintes, na expansão de seu conhecimento de mundo. Espera-se que, pelo menos, 360 trabalhadores sejam alcançados com a sensibilização sobre a Libras e a Comunidade Surda.

A “Lei de Libras”, a Lei nº 10.436/2002, ressalta que o poder público em geral deve “apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais – Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil”. A UFC tem esta preocupação, pois é uma instituição plenamente sintonizada com a difusão da Libras, especialmente considerando a direção institucional apontada pelo Mapa Estratégico da UFC (UFC, 2020), referente ao princípio norteador ‘Inclusão’, o que foi mais detalhado no Plano de Desenvolvimento Institucional da UFC (PDI).

Também convém lembrar que a sensibilização quanto à importância da Comunidade Surda é, em si, uma ação promotora dos direitos humanos (Plano Plurianual 2020-2023 da União/Brasil, 2019). Se mais integrantes da sociedade aprendem a Libras, a sociedade em geral seria mais inclusiva e dinâmica.

A estimativa do último censo do IBGE, referente a 2010, apontaram, na época, que havia cerca de 520 mil pessoas portadoras de deficiência auditiva (PORTAL G1 CEARÁ, 2012) no Ceará. É provável que uma parte desse quantitativo continue morando neste Estado e, desta forma, seria interessante levantar estes dados para que cada bairro do Ceará tenha mais estabelecimentos e postos de saúde que tenham trabalhadores mais sensibilizados quanto ao público surdo que potencialmente atenderão.

Devido à natureza eminentemente prática do presente projeto, o qual deseja ampliar a inclusão da Comunidade Surda na sociedade, optou-se por uma linha metodológica que buscasse ações concretas e, assim, considerou-se a Pesquisa-Ação a melhor alternativa, em relação aos procedimentos metodológicos. Conforme postula Thiollent (1986), reforçado nas pesquisas de Corrêa, Campos e Almagro (2018), a pesquisa-ação busca analisar a situação investigada de forma a propor soluções que tragam mudanças positivas, melhorando a realidade educacional e/ou social. Tendo em vista que há um aspecto quantitativo na pesquisa, no que tange aos totais de surdos por bairros, este aspecto circunscreve um resultado verificável (REY, 2005) que seja posteriormente utilizado como um dado de sensibilização sobre a Comunidade Surda. Porém, a vertente qualitativa é prevalente nesta ação extensionista, pois o mais importante não é o dado em si de surdos, mas o quanto que esta informação poderá impactar os estabelecimentos comerciais e não comerciais no que se refere a um melhor atendimento à comunidade surda. E esta informação poderá ser demonstrada por meios gráficos, de forma on-line e com utilização de outras estratégias – materiais audio-visuais, conforme indicado por Creswell (2010) – que qualifiquem o apelo que se visa fazer para uma maior inclusão da Comunidade Surda.

As etapas, então, seriam as seguintes:

1) Planejamento das ações;

2) Articulação com os órgãos públicos (Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos do Governo do Ceará; IBGE etc.) para o mapeamento dos surdos;

3) Orientação ao bolsista do Projeto (caso esta ação seja contemplada com uma bolsa extensionista) quanto às atividades que serão realizadas nos bairros e de forma virtual, quando forem localidades fora de Fortaleza;

4) Realização de visitas nos bairros para a sensibilização quanto à importância da Comunidade Surda e do aprendizado da Língua Brasileira de Sinais;

5)Análise da situação antes e após a intervenção das visitas, para verificação do nível de adesão a algum clube de Libras para aprendizado da língua de sinais.

BRASIL. Lei nº 13.971, de 27 de dezembro de 2019. Institui o Plano Plurianual da União para o período de 2020 a 2023. Inciso VIII, Art. 3º. Disponível em: <https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/planejamento-e-orcamento/plano-plurianual-ppa/arquivos/Lein13.971de27dedezembrode2019.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2021.

CORRÊA, Giovana C. G.; CAMPOS, Isabel C. P. de, ALMAGRO, Ricardo C. Pesquisa-Ação: uma abordagem prática de pesquisa qualitativa. Ensaios Pedagógicos, capa, v. 2, n. 1, 2018. Disponível em: <http://www.ensaiospedagogicos.ufscar.br/index.php/ENP/article/view/60>. Acesso em: 01 dez. 2021.

CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo e quantitativo. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.

PORTAL G1 CEARÁ. Cearense é o primeiro surdo do país a ter mestrado em administração. Julho de 2012. Disponível em: <http://g1.globo.com/ceara/noticia/2012/07/cearense-e-o-primeiro-surdo-do-pais-ter-mestrado-em-administracao.html>. Acesso em: 17 dez. 2019.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ. Cartilha do Plano de Desenvolvimento Institucional da UFC – 2018-2022. Publicado em 25 de abril de 2018. Pág. 10. Disponível em: <http://www.ufc.br/a-universidade/documentos-oficiais/313-plano-de-desenvolvimento-institucional-pdi>. Acesso em: 28 abr. 2021.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ. 1.ª Reunião do Comitê de Governança de 2020. Publicado em 13 de março de 2020. Disponível em: <https://secretariadegovernanca.ufc.br/pt/1-a-reuniao-do-comite-de-governanca-de-2020/>. Acesso em: 29 abr. 2021.

REY, Fernando G. Pesquisa qualitativa e subjetividade: os processos de construção da informação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.

THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-Ação. São Paulo: Cortez, 1986

2020.PJ.0636/2022 – Projeto Clube de Libras UFC

2020.PJ.0636/2022 – Projeto Clube de Libras UFC